sábado, 31 de julho de 2010

ACOMPANHANTES DE LUXO


- Garçon, você tem aquela cerveja Fuller’s Vintage Ale 2009?

- Qual prato você sugere para acompanhar?


Estas perguntas são mais frequentes quando se referem a vinhos, mas é cada dia mais frequente a  procura por cervejas ditas gourmet e os bares e restaurantes estão sendo obrigados a dar atenção a este novo nixo, cada vez mais promissor.

Ao contrário do costume, são cervejas mais fortes, com paladares bastante característicos, que sugerem uma boa acompanhante sobre a mesa, as variedades e combinações são inúmeras e os preços estão cada vez mais acessíveis.

Pratos como Boeuf Bourguignone, da ilustração abaixo, combinam muito bem com cervejas mais encorpadas como a Ale, um Escalope de Vitela ao Queijo vai bem, por exemplo, com a Abadia.

Até para a sobremesa, cabe o acompanhamento da Lambic com, por exemplo, um Chesecake. Além dos pratos e sobremesas, existem cafés que harmonizam muito bem o paladar  antes ou depois da degustação.

Caso haja interesse de se aventurar nesse paraíso gastronômico, fica a dica de um lugar no Rio de Janeiro, que vai proporcionar essa aventura sem ressaca econômica.

O nome do paraíso é Grão-Fino Barfeteria, eles servem um rodízio de cervejas, todas de marcas nacionais de pequeno porte e fabricação artesanal com sugestões de pratos e sobremesas harmonizados, e ainda, ótimos cafés.

Maiores informações no site: http://www.graofinobarfeteria.com.br/



Antes de se aventurar, vale estudar as linhas básicas de harmonização abaixo:

Pilsen - clara, leve, dourada, de médio teor alcoólico (4,5% a 5%) e baixa fermentação, é a cerveja mais consumida no Brasil e no mundo. É refrescante e tem aroma com notas leves de malte, lúpulo e frutas.

Harmonização: queijo brie jovem, aperitivos, carnes vermelhas, defumados e pratos orientais.

Light - versão com menos calorias que o tipo Pilsen e teor alcoólico baixo. (3% a 4%)

Harmonização: saladas e carnes brancas.

Abadia - criada por monges das abadias e mosteiros da Europa na Idade Média, é uma cerveja do tipo Ale. Seu teor alcoólico varia em torno de 6% a 11%. Tem como característica seu aroma frutado ou floral, sabor encorpado e cor variando do dourado ao escuro, com uma espuma marcante.

Harmonização: carne de coelho, pato ou vitela ao queijo de vaca. Molhos mais indicados são os com especiarias.

Malzbier - Escura, mais encorpada, com uma leve doçura, teor alcoólico mais baixo (3,5%), do tipo Larger, com aroma menos frutado, aproximando-se mais do torrado e do caramelo.

Harmonização: peixe defumado.

Stout - Escura, bem encorpada, teor alcoólico médio (4% a 6%), aroma de torrado, é originária da Irlanda e rica em lúpulo.

Harmonização: queijo parmesão, ostras, mariscos, crustáceos e chocolate.

Schwarzbier - Escura, leve, porém encorpada, sofisticada, com notas de toffe e caramelo. Teor alcoólico médio (5% a 5,6%).

Harmonização: queijo pecorino, carne de porco, batata, massas e risotos.

Weiss - Malte feito a partir do trigo (em vez da tradicional cevada), com espuma mais cremosa, estável e pronunciada. Pouco amarga e bastante refrescante e leve, é clara e de teor alcoólico médio (4,5% a 6%).

Harmonização: queijos de cabra, frios, defumados, pratos alemães e aperitivos.

Ale - famosa cerveja inglesa de alta fermentação é bem aromática com notas pronunciadas de frutas. São cervejas mais escuras (âmbar), mais amargas e encorpadas, como aroma de lúpulo também mais pronunciado. Alto teor alcoólico (5% a 7%).

Harmonização: queijo gorgonzola, carne vermelha e condimentos.

Lambic - Cerveja de origem belga pode levar frutas vermelhas. É mais ácida, mais refrescante e possui normalmente cor avermelhada com espuma meio rosada. Teor alcoólico médio (4,5% a 5,5%).

Harmonização: Chocolate ou bolo de frutas.

Bock - Escura com tom avermelhado, mais amarga e com teor alcoólico mais elevado (6% a 7%), com aromas de malte torrado e caramelo. Possui baixa fermentação.

Harmonização: Salsichas, pretzels e mostarda.

A escolha do copo correto também é muito importante para uma correta degustação de cervejas. A cerveja do tipo Pilsen deve ser degustada em copos cônicos: fechados embaixo e abertos em cima. Com isso, essa cerveja mantém todo o CO2 até o final.

Para cervejas mais encorpadas e complexas como as Ales, o copo pode ter as paredes retas ou ser em forma de uma taça de conhaque. Para cervejas de trigo, muito aromáticas e bem carbonatadas, o copo deve ter um bojo na parte superior para armazenar melhor a espuma.

sábado, 24 de julho de 2010

CERVAS!

Produzida através da fermentação de cereais, principalmente a cevada maltada, tem-se notícia que a cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas do mundo, passado que remonta 4 mil anos antes de Cristo, inicialmente consumida entre os sumérios, egípcios e mesopotâmios.

Certamente existiram vários tipos de cervejas neste processo histórico, dependendo da região, da cultura, da água e do clima de cada parte do globo. Atualmente,  o processo de fermentação é o quesito principal para se classificar os tipos de cerveja, inicialmente classificadas em dois grupos Ale (alta fermentação) e Larger (baixa fermentação).

A cerveja de alta fermentação, denominada Ale, possui o teor alcoólico mais elevado, entre 4-13%. São mais turvas, saborosas e seu consumo ideal é em temperaturas menos baixas que as Largers, sendo mais tradicionais na Grã-Bretanha e Irlanda, geralmente, seu processo de fabricação e mais lento e artesanal. Os tipos mais conhecidos são mild (meio-amargas), bitter (amargas), pale ale (ale clara), porter (cerveja escura muito apreciada por estivadores) e stout (cerveja preta forte).

As do grupo Larger, originárias da Europa Central, da região hoje conhecida como Alemanha, tem por definição sua baixa fermentação, sua cor clara, e são as mais consumidas e produzidas em larga escala, de maneira industrialializada. São armazenadas em baixas temperaturas por um maior período de tempo, que as tornam mais amadurecidas e com alto teor de gás carbonico, de sabor moderadamente amargo e conteúdo alcoólico entre 3-6% por amostra. 

Os estilos de lager incluem: Bock, Doppelbock, Eisbock, Munchner Helles, Munchner Dunkel, Maibock, Dry Beer, Export, Märzen (feita somente para a Oktoberfest( bávara), Pilsener e Schwarzbier (cerveja preta). Dentre as do tipo larger, o gênero mais consumido é a cerveja Pilsen como a Heineken, Carlsberg, Brahma, Quilmes Budweiser O nome pilsen é derivado de Pilsen, nome alemão da atual cidade de Plzen, localizada na República Checa, onde este estilo de cerveja foi originalmente produzido.

Ainda há a cerveja feita com a fermentação do trigo, as do tipo abadia, cujo processo de produção e ingredientes  torna o sabor bem característico, entre outros tipos exóticos e bastante especias. 

Vale lembrar, que assim como o vinho, cada tipo de cerveja é apropriada para uma ocasião e para acompanhar um prato. No Brasil, ainda não há esse costume, pois a cerveja Pilsen tem quase o monopólio do mercado e como a distinção de sabor é menos acentuada, seu teor alcoólico é menor e seu sabor é mais amargo, geralmente é consumida a qualquer momento, sem necessariamente ter que harmonizar com um prato.

A boa notícia é que com o incremento do mercado interno e da sensível melhoria do poder aquisitivo do brasileiro, o comércio das Ales está começando a ser viável tanto para a importação, quanto para o surgimento de fabricas que se dispõem a produzir no Brasil em menor escala, apostando na criação de um novo mercado consumidor.

Já existem no mercado brasileiro, além das importadas, cervejas nacionais Ale  e artesanais que nada deixam a desejar como: Abadessa Emigrator, Anner Bier, Backer, Baden Baden, Bamberg Alt Bie, Barley, Bauhaus, Bierland, Colorado, Coruja, Dado Bier, EikBier, Eisenbahn, Falke Bier, Jahu, Therezópolis, Schmitt, Wals, Whitehead.

No Rio de Janeiro, há algumas fábricas, geralmente abertas ao público para consumo, pois possuem bar próprio, como é o caso da Choperia Mistura Clássica de Volta Redonda, da Micro-Cervejaria do Bar Vice-Rei, Barra da Tijuca, que produz a cerveja Astrabier e a Cervejaria Röter Brauhof no município de Barra do Piraí.

Abaixo seguem algumas dicas de harmonização:

  • Cervejas leves acompanham comidas leves, enquanto cervejas mais fortes, intensas e encorpadas harmonizam melhor com comidas mais pesadas e gordurosa.
  • Pense em Ales como Vinho Tinto e Lagers como Vinho Branco. Como as Ales são fermentadas em temperaturas mais altas, normalmente são de aromas e sabores mais complexos. Lagers, por serem fermentadas em temperaturas mais baixas, são normalmente mais leves, com aromas e sabores mais suaves. Outro comparativo válido é pensar em cervejas de alto amargor como se fossem vinhos bem ácidos ou com bastante tanino.
  • Quanto mais escura a cerveja, mais escura deve ser a comida da harmonização. Cervejas escuras recebem essa cor dos maltes escuros, que normalmente têm um sabor mais tostado e algumas vezes mais adocicado, que combina bem com os mesmos sabores das comidas bem assadas ou grelhadas.
  • Quanto mais picante for a comida, mais lupulada e amarga deve ser a cerveja. O lúpulo consegue cortar bem o efeito das pimentas, permitindo que você consiga sentir melhor os sabores tanto do prato quanto da cerveja.
  • Deixe que a região seja seu guia. Cervejas e comidas originárias da mesma região quase sempre funcionam bem juntas.
  • É importante ter atenção especial à sequência em que são servidas as cervejas. Se você planeja servir cervejas de diferentes estilos, prefira começar com as mais leves, tanto em sabores quanto em álcool, evoluindo para cervejas mais complexas e encorpadas no final. O mesmo vale para cervejas secas e doces. Comece pelas secas. O objetivo é que os sabores mais intensos não atrapalhem ou sobreponham os sabores mais leves. Também evita que as pessoas sintam-se pesadas ou sonolentas logo no início da harmonização.
Maiores infomações no site: www.brejas.com.br/cerveja.shtml

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Veronika Decides to Die

Baseado na romance homônimo de Paulo Coelho, o que para muita gente preconceituosa é um limitador por achar que ele só escreve histórias exotériocas e superticiosas. O longa conta de maneira brilhante uma história bem cotidiana.

Veronika, uma jovem eslovena, vive uma crise existencial por achar que tudo na sua vida é igual e, uma vez passada a juventude, viria a decadência, acreditava que o mundo estava errado, mas ela não tinha como reparar isso, não conseguia ver sentido para continuar viva e deicide se matar misturando comprimidos e álcool.

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A primeira cena é de arrepiar, pois se trata do ritual de suicídio da protagonista, que inicia com Veronika colocando a musica "Everything in it's right place" da brilhante banda britânica, Radiohead, a qual dispensa comentários em matéria de música para cortar os pulsos.

Após ingerir uma série de comprimidos e álcool, Veronika sucumbe, mas é socorrida e levada para uma clínica psiquiátrica e quando se reestabelece percebe seu fracasso

Entretanto, é surpreendida com a notícia que sua tentativa de suicídio à premiou com danos irreparáveis, que a levarão à morte a qualquer momento e que deve permanecer internada.

Diante de tal notícia, Veronika recobra sua pulsão de vida com seguinte diálogo:

Quanto tempo me resta?- Repetiu Verónica, enquanto a enfermeira dava a injecção.
- Vinte e quatro horas. Talvez menos.

Ela baixou os olhos, e mordeu os lábios. Mas manteve o controle

- Quero pedir dois favores.

O primeiro, que me dê um remédio... de modo que eu possa ficar acordada, e aproveitar cada minuto que restar da minha vida. Eu estou com muito sono, mas não quero mais dormir, tenho muito que fazer - coisas que sempre deixei para o futuro, quando pensava que a vida era eterna. Coisas pelas quais perdi o interesse, quando passei a acreditar que a vida não valia a pena.

- Qual o seu segundo pedido?

- Sair daqui, e morrer lá fora. Preciso de subir ao castelo de Lubljana, que sempre esteve ali, e nunca tive a curiosidade de vê-lo de perto... quero andar na neve sem casaco, sentindo o frio externo - eu, que sempre estive bem agasalhada, com medo de apanhar uma constipação.

-Enfim, Dr. Igor, eu preciso de apanhar chuva no rosto, sorrir para os homens que me interessam, aceitar todos os cafés para os quais me convidem.

-Tenho que beijar a minha mãe, dizer que a amo, chorar no seu colo - sem vergonha de mostrar os meus sentimentos, porque eles sempre existiram, e eu escondi-os...

-Quero entregar-me a um homem, á cidade, à vida e, finalmente, à morte.

Após este diálogo, Veronika se envolve com o meio e com outros personagens em busca de realizar tudo aquilo que estava sufocado em meio ao orgulho e às regras de conduta de uma sociedade doente, individualista e sem afeto, que abre mão de viver e se permitir em nome de uma ilusão de liberdade e desapego.

Independente do final da história, é um ótimo filme e a trilha sonora é fantástica à exemplo de Everything in it's right place.

Justice, because... We are your friends!

Essa dupla francesa vem agitando as melhores festas e festivais do mundo. Na safra acompanhada de Soulwax, Digitalism, Daft Punk, vem revolucionando o circuito alternativo por ai.

Conseguem recauchutar músicas de outras bandas e criam hits atrás de hits, pois inserem uma pegada mais eletrônica e ácida, colocando os punks para dançar.



A grande sacada é que, mesmo com essa onda de DJS de festa rave que nada tem a ver com Rock, essa galera consegue ser fiel ao estilo e com bom gosto.

Mostram que entendem do que estão fazendo e são músicos e não sampleadores e especialistas em softwares e hardwares.

Em suma: OK COMPUTER, mas nem tanto...

terça-feira, 13 de julho de 2010

VS Ramachandran: Os neurônios que moldaram a civilização

Cada vez mais as diversas áreas da ciência estão sendo conectadas, a interdisciplinariedade está em voga no meio acadêmico.

Um dos exemplos dessa transversalidade é a neurociencia, pois faz a conexão entre os fenômenos neurológicos e culturais com uma abordagem filosófica.



Para quem se interessa pelo assunto, encontrará palestras interessantissimas no site: http://www.ted.com/ - uma das palestras é do neurocientista indiano Vilayanur Ramachandran.

O tema abordado nesse vídeo trata dos neurônios espelhos, descoberta recente que explica o diferenciado processo de evolução humana, o surgimento da cultura, além de casos clínicos que demonstram que o mecanismo da sinapse está além dos limites do corpo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lavoura Arcaica

Um filme pouco visto pelo grande público, criticado pelo mercado cinematográfico, por utilizar-se da forma narrativa para que o roteiro seja fiel ao romance homônimo de Rudan Nassar, publicado em 1975, proporcinando dialogos complexos e longos.

Entretanto, aclamado pela crítica no Brasil e no Exterior com mais de 25 prêmios, Lavoura Arcaica é o primeiro longa-metragem dirigido por Luiz Fernando Carvalho, lançado em 2001.

Construido sem um roteiro prévio, utilizando o livro como fonte primária de todas as falas, o diretor se dedicou  à estética e à atuação dos atores, o que resultou em cenas e fotografias primorosas.

A trilha sonora conta com a colaboração do compositor Marco Antônio Guimarães, do grupo instrumental Uakti, que utiliza temas típicos de música árabe e a citação da paixão segundo São Mateus de Bach.

Walter Carvalho assina a direção de fotografia, explorou contrastes de luz e sombra, imagens fora de foco, que resulta em uma estética quase abstrata. A direção de arte é de Yurica Yamasaki, figurinos de Beth Filipeck, montagem e produção do próprio diretor.



A história, contada em primeira pessoa, se passa na fazenda de uma  família de origem libanesa, em que André, o protagonista, foge para a cidade por se rebelar contra as tradições agrárias e patriarcais impostas por seu pai.

Na cidade, André espera encontrar uma nova vida, diferente da que vivia na fazenda de sua família. Pedro, irmão de André é enviado por sua aflita mãe a cidade e o encontra numa pensão suja e em estado de cólera, onde passa a ouvir suas angustias, os motivos de sua fuga e o odioso conflito contra os valores paternos.

Com a narrativa não linear, André faz uma jornada sensível a sua infância, contraponto os carinhos maternos aos ensinamentos punitivos do pai. Pedro defende os valores patriarcais da família fiando-se a doutrina cristã as quais André se insurge.

André tem pressa, quer ser dono de sua própria história e viver intensamente o que é incompatível com a lentidão das regras sociais e da natureza que o cerca. Angustiado pela paixão incestuosa por sua irmã Ana e sua rejeição, confessa que esse é o motivo fundamental de sua fuga.

Sabendo do sofrimento da mãe, André aceita voltar e é recebido por seu pai com uma longa conversa, seguida de uma festa tradicional, que ao invés de reestabelecer a unidade da família, explicita o conflito entre os valores da família e um de seus integrantes. Pelo desfecho dramático, o filme é definido como uma versão inversa da parábola do filho pródigo.

Elenco
Selton Mello .... André
Raul Cortez .... pai
Juliana Carneiro da Cunha .... mãe
Simone Spoladore .... Ana, a irmã mais nova
Leonardo Medeiros .... Pedro, o primogênito
Caio Blat .... Lula, o caçula
Denise Del Vecchio .... prostituta
Samir Muci Alcici Júnior
Leda Samara Antunes
Pablo César Câncio .... André criança
Luiz Fernando Carvalho .... André narrador (voz)
Raphaela Borges David