quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lavoura Arcaica

Um filme pouco visto pelo grande público, criticado pelo mercado cinematográfico, por utilizar-se da forma narrativa para que o roteiro seja fiel ao romance homônimo de Rudan Nassar, publicado em 1975, proporcinando dialogos complexos e longos.

Entretanto, aclamado pela crítica no Brasil e no Exterior com mais de 25 prêmios, Lavoura Arcaica é o primeiro longa-metragem dirigido por Luiz Fernando Carvalho, lançado em 2001.

Construido sem um roteiro prévio, utilizando o livro como fonte primária de todas as falas, o diretor se dedicou  à estética e à atuação dos atores, o que resultou em cenas e fotografias primorosas.

A trilha sonora conta com a colaboração do compositor Marco Antônio Guimarães, do grupo instrumental Uakti, que utiliza temas típicos de música árabe e a citação da paixão segundo São Mateus de Bach.

Walter Carvalho assina a direção de fotografia, explorou contrastes de luz e sombra, imagens fora de foco, que resulta em uma estética quase abstrata. A direção de arte é de Yurica Yamasaki, figurinos de Beth Filipeck, montagem e produção do próprio diretor.



A história, contada em primeira pessoa, se passa na fazenda de uma  família de origem libanesa, em que André, o protagonista, foge para a cidade por se rebelar contra as tradições agrárias e patriarcais impostas por seu pai.

Na cidade, André espera encontrar uma nova vida, diferente da que vivia na fazenda de sua família. Pedro, irmão de André é enviado por sua aflita mãe a cidade e o encontra numa pensão suja e em estado de cólera, onde passa a ouvir suas angustias, os motivos de sua fuga e o odioso conflito contra os valores paternos.

Com a narrativa não linear, André faz uma jornada sensível a sua infância, contraponto os carinhos maternos aos ensinamentos punitivos do pai. Pedro defende os valores patriarcais da família fiando-se a doutrina cristã as quais André se insurge.

André tem pressa, quer ser dono de sua própria história e viver intensamente o que é incompatível com a lentidão das regras sociais e da natureza que o cerca. Angustiado pela paixão incestuosa por sua irmã Ana e sua rejeição, confessa que esse é o motivo fundamental de sua fuga.

Sabendo do sofrimento da mãe, André aceita voltar e é recebido por seu pai com uma longa conversa, seguida de uma festa tradicional, que ao invés de reestabelecer a unidade da família, explicita o conflito entre os valores da família e um de seus integrantes. Pelo desfecho dramático, o filme é definido como uma versão inversa da parábola do filho pródigo.

Elenco
Selton Mello .... André
Raul Cortez .... pai
Juliana Carneiro da Cunha .... mãe
Simone Spoladore .... Ana, a irmã mais nova
Leonardo Medeiros .... Pedro, o primogênito
Caio Blat .... Lula, o caçula
Denise Del Vecchio .... prostituta
Samir Muci Alcici Júnior
Leda Samara Antunes
Pablo César Câncio .... André criança
Luiz Fernando Carvalho .... André narrador (voz)
Raphaela Borges David