O tema deste documentário é muito polêmico e qualquer opinião pode parecer partidária, panfletária e promover o ódio que a lógica polarizada de nossa cultura nos limitou. Não é questão de estar de um lado ou de outro, do bem contra o mal, da vítima contra o vilão.
A questão colocada neste filme é baseada em fatos, realidade incontestável, em que a mídia mascára, através da cultura da pena, da justiça do poder etnocentrico e do estigma criado em relação à outras culturas, estigmas que criaram slogans como: "a luta contra o terror", "o povo injustiçado", "bárbaros" "vamos salvar o mundo".
Neste segundo, o que você vê neste filme está acontecendo, famílias dizimadas, estupros, mortes, crueldade, covardia cometida por um grupo de grande poder político e econômico que se justifica através da religião como aqueles que foram vítimas outrora e nos fizeram chorar com filmes comoventes, tão tristes como a realidade que se presencia neste filme.
É sob esta ótica que é preciso ver este filme, pois ai está a oportunidade de desmistificar o lado do bem e do mal, a vítima e o vilão. É se deparando com esta realidade que nos enchergamos o contra-ponto em relação as "verdades" propagadas pelos meios de comunicação, se percebe que não existe povo mais evoluido que outro.
O que existe é uma estratégia de manutenção de poder, independente de quem vai pagar a conta, os grupos hegemônicos dão as cartas e quem não faz parte vira massa de manobra, utilizam-se das máximas e de valores do "bem contra o mal" para justificar as maiores atrocidades em busca de poder.
O que se pode concluir deste filme é o quanto o ser humano precisa evoluir, o quanto a religião é utilizada para justificar a intolerancia, o ódio, para criar mitos, heróis, terroristas, nações do bem e nações do mal.
Já está na hora de dar um basta ao etnocentrismo, organizações como a ONU devem ser questionadas quanto a legitimação para apoiar, invadir ou julgar países. Por que enforcaram Saddan Hussein e não enforcaram os Bush? E os crimes de guerra no Vietnã? Três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados morreram, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos, todos em seu território, diferentemente dos judeus-sionistas, que por serem uma organização política de origem nômade e por criarem o movimento sionista, vivem sem nenhum compromisso com o Estado em que ocupam e financiam o terror na palestina. Que legitimidade têm os EUA de invadir um país sob o pretesto de proteger o mundo da bomba atômica, sendo eles os únicos a dizimarem Hiroshima e Nagazaki com a bomba atômica?
Os números do conflito na palestina atualizados em 2000 mostram o massacre que continua ocorrendo 3.634 palestinos mortos e 972 israelenses, sendo que a palestina antes do início do movimento sionista era território históricamente de hegêmonia árabe, com um número ínfimo de judeus e católicos que viviam em harmonia, como mostra o filme.
É necessário ressaltar, que não é o fato de ser judeu, católico, muçulmano, budista que se qualifica ser bom ou ruim, mas o que deve ser observado são os movimentos políticos que se baseiam na fé e nos valores para justificarem atrocidades, o que se critica aqui não são os judeus e sim o movimento sionista, assim como outros movimentos politicos baseados em religiões e culturas.
A soberania de um povo deve ser respeitada na mesma medida que sua cultura e seus valores,o multiculturalismo deve ser baseado na tolerância, diferentemente do etnocentrismo que subjulga povos, servem como pretesto para a invasão de países em busca de impor uma cultura em detrimento de outras, fomentando o ódio e a intolerância.
Sem procurar razões ou motivos, fica aqui a grande questão que muitos se esquivam ou se defendem através dos motivos ou razões - O DESEJO. Defendem por ai que a adversidade, por que não dizer dor, é o que mais inspira o ser humano a produzir ou reproduzir nas formas de expressão.É neste momento que existe o real contato com suas impotências, frustrações, decepções ,o super-homem não consegue mais voar, o futuro e o passado se reduzem ao presente.
Santo Agostinho, definia futuro e passado como meras projeções do presente, ensinou que o passado não existe porque foi esquecido e que futuro são meras expeculações, se ambos fazem parte do presente serão sucumbidos por ele, que vive uma dinâmica autofágica. Isto é, vale o que fica, o que persiste no presente é presente e é neste tempo que se vive e se faz escolhas.
Por outro lado, existem os instintos que o tempo todo impelem os seres a buscarem sua satisfação. O ser humano se diferencia por depositar nas instituições o mecanismo racional e linear para satisfazer seus instintos, se casa para não se ter que usa a força e a disputa para se ter companhia, sexo e procriar, se trabalha para se ter dinheiro e não ter que matar para viver, e neste mecanismo foi elaborado o tempo, as fases, valores e as metas (o interessante é que se continua se usando a força, se disputando e se matando para satisfação dos instintos, a diferença é que temos as instituições para justificar e julgar tais atos).
Ai está a armadilha...
Muitas vezes se esquece do presente, para ruminar o que já aconteceu e não há como mudar ou projetar as realizações para o futuro e esta dinâmica linear sufoca o ser humano, todos se perdem no tempo e nas razões, pois é muito difícil assumir seus desejos independentes da razão, todos se preocupam mais em justificar suas atitudes do que com a própria atitude, se preocupam mais com o passado e o futuro do que com o presente.
Padronizaram o tempo e o desejo, pois são comandados por um inconsciente coletivo, na infância se brinca e se estuda, na adolescência se namora, se estuda e experimentamos o mundo, na juventude se escolhe o que se quer ser para o resto da vida, continuamos namorando e temos que ficar ricos, para no futuro sermos adultos ricos e inabaláveis, que não brincam, não namoram e não mais experimentam o mundo, se prendem em uma ou várias redomas institucionais e a negação de seus desejos se justifica em passar para os filhos suas impotências e frustrações para que eles paguem a conta por você não ter se respeitado. La vai um a frase cliche, brega, mas oportuna: "Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade"